Em 2023 um membro do TC39 chamado Rob Eisenberg comentou que ele queria criar um padrão comum para os signals e isso realmente se transformou em uma proposta lá no TC39!
Mas antes de tudo, o que são signals? O que eles fazem? Qual é a ideia principal? Vamos entender tudo aqui agora!
O que são signals
Signals são uma espécie de máquina de estado. Quem já fez algum código React deve estar bem acostumado com algo assim:
const [state, setState] = useState()
A ideia de um estado é que a gente possa ter um local onde ele é setado originalmente. Muitos lugares onde esse setup é chamado, ou seja, muitos lugares que contribuem para que o valor final desse estado aconteça (que são as chamadas sources), e esse valor contribui para o estado de múltiplos subcomponentes (chamados de sinks).
Uma sink também pode ser uma source para outro estado ou até mesmo para outra sink, então no geral isso acaba sendo um grafo acíclico que direciona o fluxo de dados em uma única direção:
Se a gente converter isso em código, é como se tivéssemos um estado inicial que pudesse ser alterado por várias fontes, e que também pudesse alterar várias fontes. Por exemplo, na própria sintaxe proposta teríamos isso:
const counter = new Signal.State(0) // useState(0)
O counter seria o nosso estado. Diferente do que o react faz com um array de opções, uma com a variável e a função de modificação, o counter
tem um método get()
para buscar o valor atual e um set()
para atualizar:
counter.get() // 0
counter.set(1)
counter.get() // 1
Além desse tipo de estado, podemos ter um sink, ou seja, um valor que depende desse estado original, portanto o counter
está agindo como source. Um exemplo clássico é termos estados computados, para saber se o valor dentro do counter é par, por exemplo.
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Se inscreva na Formação TS!No React teríamos que criar algum tipo de memoização:
const [counter, setCounter] = useState(0)
const isEven = useMemo(() => counter % 2 === 0, [counter])
No caso dos signals poderíamos usar a propriedade computed
:
const counter = new Signal.State(0)
const isEven = new Signal.Computed(() => counter.get() % 2 === 0)
counter.get() // 0
isEven.get() // true
counter.set(1) // 1
isEven.get() // false
Aqui nosso fluxo de dados vai para um lado só:
Se quisermos adicionar um outro contador para printar o resultado, podemos fazer assim:
const counter = new Signal.State(0)
const isEven = new Signal.Computed(() => counter.get() % 2 === 0)
const parity = new Signal.Computed(() => isEven.get() ? "even" : "odd")
counter.get() // 0
isEven.get() // true
counter.set(1) // 1
isEven.get() // false
Agora o isEven
é ao mesmo tempo uma source e uma sink.
Isso significa que se mudarmos a source original, o counter
, vamos automaticamente mudar as duas sinks. Basicamente essa é toda a ideia de signals.
Clean/Dirty states
É bem comum em aplicações que usam formulários, por exemplo, ter um estado chamado de clean e outro estado dirty. Clean significa que o formulário não foi alterado, dirty significa que o usuário já fez alguma modificação naquele formulário.
O Angular.js tinha um outro conceito também chamado de pristine que era a definição quando o componente tinha acabado de ser criado. Uma vez que o usuário modificou ele se tornava dirty, mas se o campo fosse apagado, ele se tornava clean, ou seja, pristine só poderia ser alcançado no primeiro load.
Por mais que a gente possa fazer tudo que fizemos antes com composição de funções (e não ter esse grafo), a gente teria que recalcular todos os estados a todo o momento, por exemplo, quando eu modifiquei o contador de 0
para 1
, nós automaticamente recalcularíamos todo o estado.
Com esse modelo de grafos, o que podemos fazer é que enviamos um sinal para os sinks dizendo "meu valor foi alterado", e o sink marca que sua source foi alterada, mandando um sinal igual para seus sinks e assim vai.
Se tivermos outros estados com outras sinks, não precisamos recalculá-los porque eles não sofreriam alterações. E também não precisamos ficar constantemente verificando por alterações pelas sinks até as sources. O que acontece é que, uma vez que o valor de, por exemplo, isEven
for chamado com isEven.get()
, vamos ver se ele está dirty e executar a função computada e retornar o valor, caso contrário, não vamos precisar recalcular nada.
Esse é um possível código para o que queremos fazer:
let dirty = true
let val
function Computed(fn) {
if (dirty) {
val = fn()
dirty = false
}
return val
}
Outros usos de signals
Além de utilizá-los com as APIs básicas como essas, o Rob também propõe alguns casos de uso no seu artigo sobre Signals, o primeiro deles é usar Signals para criar uma classe auto atualizável:
export class Counter {
#value = new Signal.State(0);
get value() {
return this.#value.get();
}
increment() {
this.#value.set(this.#value.get() + 1);
}
decrement() {
if (this.#value.get() > 0) {
this.#value.set(this.#value.get() - 1);
}
}
}
const c = new Counter();
c.increment();
console.log(c.value);
Nesse caso eu vejo pouco valor, porque a gente poderia simplesmente escrever da mesma forma usando:
export class Counter {
#value = 0
get value() {
return this.#value
}
increment() {
this.#value = this.#value + 1;
}
decrement() {
if (this.#value > 0) {
this.#value = this.#value - 1;
}
}
}
const c = new Counter();
c.increment();
console.log(c.value);
A gente teria exatamente o mesmo resultado. Mas, claro, esse é um exemplo simples. Quando temos computações complexas dentro de uma classe, faria sentido não ter que executá-las sempre.
Ele também propõe o uso em decorators, criando um decorator chamado signal
:
export function signal(target) {
const { get } = target;
return {
get() {
return get.call(this).get();
},
set(value) {
get.call(this).set(value);
},
init(value) {
return new Signal.State(value);
},
};
}
E ai utilizando na propriedade da classe:
export class Counter {
@signal accessor #value = 0;
get value() {
return this.#value;
}
increment() {
this.#value++;
}
decrement() {
if (this.#value > 0) {
this.#value--;
}
}
}
Conclusão
Enquanto a proposta ainda está em estágio 1, eu acho que ela pode ter algum avanço até o fim do ano que vem (como eu falei nas minhas previsões), se isso acontecer, todo o modelo de estados do React pode ficar obsoleto, assim como os modelos de estado de todos os frameworks frontend, porque o JS implementaria isso nativamente.
Eu estou particularmente animado com essa possibilidade. E você? Me conta lá nas minhas redes!